Quinta-feira, 5 de Outubro de 2006

A vida difícil de José Fidalgo

Antes de cada cena, José Fidalgo, o Bruno de “Tempo de Viver” reza ao Pai Zé, pedindo-lhe que não o deixe ficar mal. Depois, benze-se. O ritual repete-se todos os dias, sem excepção, o que não passa despercebido aos olhos dos colegas e técnicos. Usa ainda um escapulário e, no seu discurso, a expressão “graças a Deus” é utilizada inúmeras vezes. A religião está muito vincada em José Fidalgo, talvez porque o seu percurso se assemelha ao do menino pobre que conseguiu subir na vida a pulso.

Tal como a sua personagem, que passou por dificuldades e teve de se “virar” para sobreviver, José Manuel Fidalgo Soares, também teve um percurso de vida difícil. A grande diferença entre ficção e realidade é que ele nunca escolheu o caminho mais fácil para vencer. Aos 27 anos, é considerado um dos actores promessa da nova geração, bem como um dos sex symbols do momento, mas nem sempre foi assim.

Nasceu, em Lisboa, a 5 de Agosto de 1979, no seio de uma família de quatro pessoas. Mas, quando ainda era muito pequeno, e segundo confidenciou a pessoas com quem já trabalhou, o pai saiu de casa, emigrou e não deu notícias durante uma longa temporada. A memória da figura paterna foi para José uma incógnita durante anos. Foi a mãe quem esteve sempre por perto, bem como a irmã, Carla, 34 anos. Para sobreviver, a senhora trabalhava como ama e não media esforços para que nada faltasse aos filhos. Luxos foram coisas a que nunca se habituou, mas o afecto sempre fez parte da sua vida.

Fidalgo cresceu entre fraldas, chupetas e biberões, o que lhe despertou a vontade de ter filhos cedo. “Gostava de ser pai. Não tenho filhos, mas adoro crianças. A minha mãe foi ama durante oito anos e sei muito bem tratar de um bebé”, referiu. No entanto, ainda não chegou a hora. “Primeiro tenho de me apaixonar e casar-me. As crianças precisam dos pais ao lado.

” A frase indicia o quanto ficou marcado pela ausência paterna. Acabou, no entanto, por conhecer o pai anos mais tarde quando este regressou. “Quando o Zé era adolescente ele voltou, com mais dinheiro. Pensava que podia comprar a amizade do filho, mas não conseguiu”, refere fonte que prefere não ser identificada. “Apesar de conhecer o pai, a pedido da mãe, a quem está muito ligado, mantém uma relação muito distante com ele. Nem sequer tem o hábito de lhe telefonar nas datas festivas.”

Trabalhar aos 14


Para fazer face às dificuldades económicas e ao perceber que era bonito resolveu tentar uma carreira na moda. Tinha 14 anos quando fez o seu primeiro anúncio publicitário. Chegou a Milão e Atenas, embora nunca tenha pisado uma passarela por não ter altura suficiente. Apesar de ganhar bons cachês, a sua prioridade continuou a ser a escola. Foi, aliás, enquanto estudava no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, que pisou o palco pela primeira vez. Tinha 16 anos.

A paixão foi crescendo. Seguiram-se outras peças e workshops de representação que lhe foram ensinando a técnica. Em 2000, foi escolhido para apresentar o programa “Clube Disney”, na RTP1, e deu nas vistas. Entregou o currículo na NBP, a maior produtora de ficção nacional e pouco tempo depois estava a dar vida a António, o irmão da personagem de Virgílio Castelo em “O Olhar da Serpente”. Era inexperiente, contudo mostrou-se esforçado e humilde. “Ele é um bom miúdo, trabalhador, e tem a sorte de dar nas vistas. Não há, em Portugal, muitos actores com as suas características físicas”, refere a mesma fonte.

Inegavelmente, a sua beleza saltou à vista. Faltavam-lhe, porém, as bases teóricas. Mal terminou as gravações, resolveu inscrever-se na OficinActores, a escola da NBP. Mais uma vez, colocava-se a questão monetária. O curso era dispendioso e Fidalgo não tinha a verba necessária disponível. Teve de pedir um empréstimo bancário e arranjar fiador.

Segue-se “Queridas Feras”, na qual vestiu a pele de Alex, um biólogo que tenta conquistar o amor do filho, depois de ter sido um pai ausente durante anos: “Gostei muito de fazer o Alex por ser uma pessoa que, passados 12 anos, quis ter o filho com ele, quis redimir-se dos erros que cometeu e lutou por isso. Fez-me lembrar pessoas que me são próximas e estiveram na mesma situação. A mensagem é ‘nunca é tarde’”. Mais uma referência ao seu singular percurso de vida.

Em 2005, é convidado para integrar “Ninguém Como Tu”, novela recordista de audiências, onde interpreta Miguel, o herói romântico. Melhor trampolim era impossível. O seu desempenho convence e é logo destacado para a produção de Rui Vilhena que se segue: “Tempo de Viver”, onde interpreta um prostituto, Bruno.

Vive sozinho


Ao mesmo tempo que a vida profissional lhe corre de feição, vai atingindo também determinadas etapas pessoais. Orgulha-se de viver sozinho há sete anos e de, com o que ganha, continuar a conseguir ajudar a família. Há cerca de dois anos, quando a irmã teve de fazer obras na sua casa, recebeu-a de braços abertos no seu apartamento, bem como ao cunhado e ao sobrinho, Simão. “O meu miúdo”, como o trata carinhosamente. Mas, sempre que lhe perguntam sobre algo mais privado, mostra-se reservado, prefere resguardar-se. “Quero que respeitem a minha privacidade”, é uma frase que repete constantemente. Alega que nem sempre foi assim tão defensivo, mas que teve de aprender a lidar com a imprensa, que, segundo ele, nem sempre escreve exactamente o que diz.

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